quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Tons azuis



Observo esse vazio que explode dentro de uma junção de tons azuis. Vejo a sua dor com pontadas de felicidade, a facilidade em ser uma explosão dentro dessa junção esquisita, derramando lágrimas sorridentes que dizem "prazer em vê-la" a qualquer um que passa. É tão puro que sinto vontade de abraçar esse seu mundo torto e as suas esquisitices também.
Eu vou ficar aqui te observando o quanto você permitir, se não escolher partir... porque o amor é isso, não é?

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Poesia sem rima



Sinto mais do que vejo e então, tento mais do que posso. O final virou poesia sem rima, como quando damos um gole no café gelado e mesmo assim o achamos gostoso.
Dentro desse Universo cinzento existe um motivo para ser melhor. Uns buscam na arte, outros procuram nas pessoas. Sei que depositamos todos os dias sementes dentro do coração de alguém e as vezes elas crescem e criam raízes, outras apenas morrem... E por que não achar a morte algo bonito também? Tudo está no ponto de vista, na evolução espiritual do ser. 
São nós que criamos muitas vezes, mas confesso que prefiro os laços, os vejo de forma leve e sutil. Eu já tentei ser nó, mas um dia percebi que só serviu para acorrentar-me a alguém que não pertencia ao meu mundo, então hoje sou laço. Se for pra ficar firme, que seja porque o fizemos bem, senão sempre foi nó disfarçado de amor. Entende onde eu quero chegar? Cada um pertence ao seu próprio Universo, a carne, o pano e o papel sempre se desfazem com o tempo, desaparecem perdendo o seu valor. E o que disso levamos a não ser a nossa experiência enquanto aqui "vivos"? Se o amor cura todos os males, por que buscamos ajuda em palavras duras?
Eu prefiro ser nuvem, uma linda e breve nuvem branquinha que paira acima das belas montanhas verdes. A imensidão é minha enquanto nuvem, perto dela posso estar, quem sabe até sentir a paz que a mesma transmite. 
Sinceramente, eu já não sei mais por que me desfiz feito água, as vezes pareço a correnteza com medo da chuva. Fugindo de algo que sempre esteve dentro de mim, para no fim, acabar sempre parando no mesmo lugar.

Partir sem ir



Olho ao meu redor sabendo que algum dia, talvez mais próximo do que imagino, não verei mais essas paredes frágeis e não ouvirei mais o som irritante dos carros passeando as 02:45 da manhã. De novo me sinto postergando um fim, como se estivesse elogiando defeitos alheios e me divertindo falsamente com a desgraça que é partir sem rumo.
Um dia, talvez próximo, não verei mais os gatos me esperando de prontidão na escada e não me incomodarei ao acordar com o barulho da conversa no vizinho.
Pensando bem, gatos são boa companhia...
O dia já amanheceu e eu ainda não fui embora, muito menos dormi. Agora me sinto de ressaca mesmo sem ter bebido mais do que duas garrafas de vinho e sem condições pra pensar em como não enlouquecer. 
Deixa pra amanhã ou quem sabe o ano que vem.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Entre cigarros e amores



Enquanto te observo, dou meu último trago no cigarro, mesmo sabendo da tua pressa e do teu incômodo em ver fumaças pairando o teu céu invisível. 
Pediu pra entrar no meu mundo e hoje qualquer suspiro ao acaso arranca um bocejo teu. Quão tediosa e indesejável consigo ser para você agora? Eu avisei, meu mundo nunca foi um lugar bonito e seguro para viver, também tenho um psicológico ferrado e um pé no inferno.
As vezes até agradeço ao mundo por fazer de mim alguém tão "descartável", evita expectativas, já que promessas se quebram o tempo todo, as vezes até por motivos irrelevantes e tudo graças ao cansaço de ter que explicar para todos quem somos e o que sentimos, o que pensamos e o que queremos. Eu não quero nada além da paz, mas infelizmente isso incomoda pessoas inseguras.
Em meio ao caos e ao silêncio constrangedor, cansada demais para puxar qualquer assunto, te sinto longe e isso soa tão doloroso quanto cortes lentos e profundos. Como disse, promessas se quebram e, consequentemente, cicatrizes se formam. Eu abomino saber que as vezes pessoas que parecem perfeitas umas para as outras se tornam um dia motivo de choro. O amor deveria ser a coisa mais simples do mundo, já que parece a droga perfeita. Amor e suas altas doses de caos sentimental.
Meu cigarro acabou e você já foi dormir, mais um dia preenchido com lacunas e diálogos automáticos para amenizar o desespero que é não estar bem e não saber pra onde se está indo. Mais um dia que te vejo com olheiras carregadas de tristeza.
É, o amor, vez ou outra, consegue ser tão áspero quanto o nó na garganta e tão perturbador quanto o embrulho no estômago dos que se apaixonam.

Tudo sou



Ser. Sou. Quis. Fui.
Não há dor pelo o que passou
Valeu!
Eu quis ser e fui
Eu quis viver e vivi
Não há dor quando se tem amor

E hoje tudo sou
Todos os sentimentos emaranhados uns aos outros
Feita de água, terra, fogo, ar
Me permito ser
Fui Maria, hoje sou Madalena
Sou frio em dia quente
Calor no inverno
Poesia em madrugada triste
Repleta de amor eu fui
Continuei caminhando
Dando a vida uma pitada de pimenta
Simplesmente fui
Amei amores de metrô
Amei quem por mim se apaixonou

Eu sou
Atriz eu sou, tudo sou
Vazia nunca serei
Porque hoje transbordo a paz de ser e não de estar

Distante



Quando o céu parece distante de tocar, as nuvens se fecham para você não caminhar e quando a água do mar te puxa sem te permitir respirar, a resposta é apenas flutuar na areia do teu quarto, rasgar as paredes de papel e desenhar na mesa da cozinha uma história importante. Distante. E agora distante de mim, distante daquilo que fui ou do que um dia quis ser. O corpo ainda flutua nesse instante, a caminho do mar... o mar feito de nuvens para pintar, para colorir e descobrir o sentido real do que vejo sentido. O que você pintaria nessas nuvens, se pudesse? Aquilo que você é? Me contaria em poucas cores o que está pensando agora? 
Eu te olho com os olhos quase fechados devido ao sol que bate contra nós, lentamente observo a íris dentro dos teus tons castanhos e então você some na fumaça colorida que eu pintei, sem pintar nada para mim. Tudo fica escuro e eu deito. Deito nessas asas invisíveis que insistem em me dizer que estão aqui para proteger, mas que são sensíveis. Sensíveis ao que eu sinto, ao que eu sou, ao que eu fui. Insensíveis!
Me dissipo nesse rio turvo e calmo tentando encontrar a areia áspera do meu quarto, tentando encontrar algo que se pareça contigo, algo que me diga agora o que você pintaria para mim, se tivesse nuvens tão confusas quanto as minhas.