Quando o céu parece distante de tocar, as nuvens se fecham para você não caminhar e quando a água do mar te puxa sem te permitir respirar, a resposta é apenas flutuar na areia do teu quarto, rasgar as paredes de papel e desenhar na mesa da cozinha uma história importante. Distante. E agora distante de mim, distante daquilo que fui ou do que um dia quis ser. O corpo ainda flutua nesse instante, a caminho do mar... o mar feito de nuvens para pintar, para colorir e descobrir o sentido real do que vejo sentido. O que você pintaria nessas nuvens, se pudesse? Aquilo que você é? Me contaria em poucas cores o que está pensando agora?
Eu te olho com os olhos quase fechados devido ao sol que bate contra nós, lentamente observo a íris dentro dos teus tons castanhos e então você some na fumaça colorida que eu pintei, sem pintar nada para mim. Tudo fica escuro e eu deito. Deito nessas asas invisíveis que insistem em me dizer que estão aqui para proteger, mas que são sensíveis. Sensíveis ao que eu sinto, ao que eu sou, ao que eu fui. Insensíveis!
Me dissipo nesse rio turvo e calmo tentando encontrar a areia áspera do meu quarto, tentando encontrar algo que se pareça contigo, algo que me diga agora o que você pintaria para mim, se tivesse nuvens tão confusas quanto as minhas.